1.
algo no rio assombrava a ilha entre a cidade e a fronteira. ela sentia isso, quando oscilava com as ondas no seu barquinho. ela não falava nada, pois o que poderia dizer, e para quem?
mas ela sentia. e ela sentia isso crescer.
fazia algum sentido para ela que algo crescesse lá, coisas até demais aconteceram para que algo tenha se criado lá embaixo.
ela era uma mulher da água, tinha aprendido a navegar assim como aprendeu a andar, e sentia enraizada no rio. ela aprenderia com seu avô, que lhe contou as lições de sua vida na água. ele dizia “o povo negro vem de um lugar amplo, debaixo de um céu muito imenso, nesse país pequeno nós tivemos que lutar por cada centímetro que conseguimos. mas a água sempre nos ajudou a nos libertar de um jeito ou de outro.”
nos dias ensolarados, ela pegava passageiros mediante pagamento e os levava por baixo da ponte belle isle para verem os carros embaixo d’água. na maioria das vezes você não via nada, mas às vezes você captava um vislumbre de algo brilhante, metal, não no rio — algo grande e inchado, que teve a cor vermelho-cereja, de um sonho transformado-em-americano em 1964.
nesses dias, o rio parecia como ele era antes, um pouco mais caudaloso, muito agitado, muito atento.
em muitos dias ela se sentou atrás do volante de seu pequeno, regulando sua apreensão. ela sentia uma inquietação no mato e nas sombras que mantinham detroit inteira. belle isle, uma ilha que cresceu demais, acolheu as ruínas de um zoológico, um aquário, um conservatório e um antigo iate clube. então foram abandonados, as torres da renascença do centro viraram ocupações, a mais eloquente ode à crise econômica no mundo.
ela tinha nascido não muito longe do rio, em chalmers, do lado leste. na infância ela brincava nas margens do rio. ela era capaz de se lembrar de quando uma pessoa negra só podia ancorar um barco num porto que pertencesse a outra pessoa negra. ela se lembrava disso porque tudo o que ela sempre quis era estar naquele rio, especialmente depois que seu avô faleceu. quando cresceu o suficiente, ela comprou um pequeno barco, um motor difícil de manejar na lateral, deu a ele o nome bessie em homenagem à sua mãe. sua mãe tinha lhe ensinado coisas importantes: como amar detroit, a jardinagem no quintal dos fundos não era um hobby mas uma estratégia, e nunca confie num homem para um reboque de longas distância.
no geral, ela ouvia sua mãe. e quando ela se perdia, ela sempre seria capaz de voltar para o rio.
agora ela tinha 43 anos, e o rio era liberdade. naquele barco ela se sentia liberta o dia inteiro. ela adorava ancorar perto do monumento da underground railroad e imaginar escravizados fugidos de pé na margem e como a água era boa — assustadora, mas boa — debaixo do barco, em torno a pele inteira ou sob os pés congelados.
esse era um bom rio para se navegar, você não se meteria em problemas por qualquer dinheiro. ninguém faria isso.
ela se sentia da mesma forma em relação a comer o que vinha do rio, mas era uma época de fome. naquela manhã ela observava um pescador puxar alguma coisa, devagar, como se ele nãos e importasse. o que ele fisgou, um peixe longo e esbelto, tinha um brilho oleoso em suas escamas. ela tentou fazer contato visual, mostrar seu nojo, fazer um alerta de canto de olho para esse estranho, mas ele se virou com sua presa, na direção do isopor.
ela tinha uma consciência de si como um tipo de outsider. ela amava a cidade e o povo nela desesperadamente. mas ela os amava principalmente de dentro do seu barco. ultimamente ela usava macacões, mantinha seu grisalho curto e natural, suas frases sucintas. sua rotina não envolvia muitos humanos. quando ela tentava falar, sua boca continha tanta tristeza e luto pela cidade desaparecendo diante dos seus olhos que ficava difícil respirar.
da vez seguinte em que ela se lançou nas águas, numa volta ao leste de chene park, ela observou dois bebês nas pedras próximas ao rio, desafiando um ao outro a se chegarem mais perto. as mães estavam concentradas numa fofoca intensa, enquanto cuidavam de um churrasco que exalava um cheiro maravilhoso acima das ondas do rio. as ondas se se agitavam agressivas no dia, e ela queria gritar para os bebês ou as mães, mas não conseguia juntar as palavras.
você não pode apenas dizer qualquer coisa velha em detroit. precisa fazer direito. as pessoas se lembram.
enquanto ela observava, um bebê colocou um dedo de seu pé descalço dentro, seu corpo marrom acinzentado se alongando na direção da superfície ondulante verde água marinha nuclear, então, de repente, ele pulou para trás e se afastou do rio, assustado em cada membro do seu corpo. ele saiu correndo passando por seu amigo, a toda em direção as coxas de sua mãe, nas quais ele se agarrou e enterrou o rosto, balbuciando confissões incoerentes na pele dela.
a mãe não se espantou nem deixou de falar, só afastou para o lado, ignorando os alertas dele.
ela não julgou aquela mãe, contudo. os tempos eram mais do que duros em detroit. um momento de pausa, para arejar, senta-se perto do rio e só conversar, aquilo era uma coisa rara e preciosa.
***
fora do rio, fora d’água, ela se vi no estúdio musical de um velho amigo, cantado suas mais belas canções naquelas máquinas dele. ele era estranho e solitário como ela, era conhecido por sua loucura, seu conhecimento íntimo da cidade até a medula, e por seu gênio musical.
ela perguntou a ele: o que está acontecendo no rio?
ele riu antes de tudo. ela não perguntou o motivo.
e o que ele disse foi: o seu rio? cara, detroit está naquele rio. no rio inteiro e em trechos do rio. algumas partes, são como cemitérios ancestrais. é como um vórtex de energia sagrada.
tipo depois da ilha? naquelas merdas profundas onde as barcaças deles se batem? aquilo era um esconderijo, era onde você ia parar se abrisse o bico sobre o assunto errado ou a pessoa erada, cara, todos os tipos de almas brilhantes foram afundadas até as profundezas daquela lama lá. é por isso que algumas pessoas não ancoram com vista para a cidade, eles podem fisgar alguém que ainda não se tornou um fantasma! leva um tempo para se tornar um verdadeiro fantasma.
ele parou por aí.
ela não concordava com essa teoria dele. ela não parecia morte, o que ela sentia no rio. parecia outro. parecia vivo e outro.
***
o alto verão estava escaldante naquele ano. a cidade mal aguentava se vestir. as poucas pessoas com empregos se sentavam em escritórios gelados observando o mundo oscilar lá fora. as pessoas sem empregos sobreviviam de diversas formas e todas elas pareciam uma punição no calor.
parecia que toda manhã haveria corpos, pessoas que perderam as lutas darwinianas durante a noite suada. corpos no único abrigo de pernoite, corpos no jardim falso patrocinado pela cola-cola no centro da cidade, corpos em buracos nas ruas enrolados em pisca-piscas de natal porque a cidade falida desligou os postes.
no fim de uma tarde de domingo, depois que três casamentos aconteceram na ilha, ela ouviu uma mensagem no canal de rádio-amador do rio: quatro corpos pálidos encontrados boiando no rio afluente, numa região distante. ela acompanhou a história pelo resto do dia. além de terem sido arrastado da água para terra por mãos de oficiais enluvados, estava claro que aqueles corpos, dois adultos e dois adolescentes, tinham morrido recentemente, pouco inchados, cada um deles feridos como se tivessem participado de uma grande luta antes do rio tóxico encher seus pulmões.
eles eram da pensilvânia.
na segunda-feira ela passou pelo ponto onde, segundo o que ouviu no rádio, a guarda costeira estava trabalhando. a água se movia em torno de si mesma, rodopiando sem razão. ela balançou a cabeça, sabendo que verdades que não poderiam ser ditas em voz altas estavam saindo do controle.
durante anos ela tentou mantes o coração aberto para o pessoal novo, a maioria deles brancos. a cidade precisava de pessoas que vivessem nela e da criação de empregos, certo? e algumas dessas pessoas pareciam realmente se importar.
mas isso podia endurecer seu coração a cada dia, ver as pessoas aparecendo o tempo todo com trabalhos, ou criando novos empregos para si mesmos e seus amigos, enquanto as pessoas nascidas e criadas aqui não conseguiam se sustentar, não conseguiam investidores para seus negócios. ela ouvia empreendedores nos telejornais falando de detroit como essa excitante tela em branco. ela se perguntava se esse pessoal não conseguia ver todas as pessoas aqui, todos os sinais em todo lugar de que havia história e havia um povo que ainda vivia em todos os cantos daquela tela.
***
a tragédia seguinte veio na terça quando um grupo de novos hipsters locais saiu para nadar num ponto não-tão-secreto em um canal interna de belle isle. essa tragédia não começou com gritos, embora tenha sido a primeira coisa que ela ouviu —uma cacofonia selvagem de gritos em meio ao mato alto.
no momento em que ela deu a volta para a entrada estreita do canal e alcançou o lugar do som dos gritos, havia apenas um jovem branco choramingando e um guarda da patrulha da ilha, olhando para dentro da água.
ela gritou: o que aconteceu?
o patrulheiro, um rapaz branco, aterrorizado e incrédulo e tentando se manter no controle. bem, alguns jovens estavam nadando por aqui. agora eles desapareceram, e esse aqui diz que uma onda comeu eles!
o garoto se virou do rio por uns instantes e encarou o patrulheiro de boca aberta e sentindo-se traído. quando o rosto úmido confuso se voltou para ela, ele apontou para a água: ela levou eles.
ela olhou por cima da lateral do barco então, através da superfície e das algas. a água e as plantas se moviam inocentemente, mas havia sinais reveladores de culpa: um par de óculos aviadores estilhaçado, um short estiloso de banho com três listras vermelhas, uma metade de um sapato tom’s shoe com listras de marinheiro, uma cordinha de biquini, e uma pilha improvável de ossos novos e limpos de vários tamanhos e origens.
ela juntou esse espólio perturbador com sua rede, mordendo seus lábios para conter a mentira “eu avisei”, pois a quem ela tinha avisado? e mesmos agora, enquanto mais tipos de polícia e a guarda costeira apareciam, dizer o quê?
algo impossível estava acontecendo.
ela se sentia mal por esses hipsters. ela conhecia alguns desse tipo dos seus bares favoritos na cidade e nunca tinha tido uma experiência ruim com nenhum deles. ela tinha levados barcos cheios deles em seus tours pelo rio ao longo dos anos. não era culpa deles que eles fossem tantos. hipsters e empreendedores eram gafanhotos complicados. eles devoravam tudo no seu campo de visão, mas tinham boas intenções.
eles deveriam ter fechado a ilha na ocasião, mas aqueles corpos da ilha eram apenas um pequeno percentual dos corpos do verão, a maioria deles esfaqueada, baleada, estrangulada, pisoteada, esfaimada. autoridades pouco entusiasmadas colocaram cartazes de alerta pela ilha conforme nadadores, casais passeando pelas trilhas na beira do rio e participantes de piqueniques nas margens desaparecem sem explicação.
ninguém mais parecia notar que os corpos que o rio estava levando naquele verão não eram os corpos dos nativos de detroit. talvez porque fosse uma diversidade de corpos, pessoas de todas idades, todas as raças. todo o pessoal que tinha vindo recentemente, atraído pela promessa de uma terra vazia e negócios fáceis, a oportunidade disponível entre as ruínas das vidas de outras pessoas.
ela não se interessava muito por política, mas ela odiava essas mudanças na cidade, a forma como ela estava desaparecendo conforme se enchia de pessoas que não sabia como vê-la. ela sabia o que estava vindo, o que sempre vinha com os pioneiros: centros comerciais e mesmice. ela já tinha visto isso até demais.
então ainda que o rio estivesse ficando perigoso, ela não levava isso para o lado pessoal.
ela também odiava centros comerciais.
então aconteceu uma coisa que chamou a atenção do pessoal.
***
a casa do prefeito era uma mansão com um quintal imenso e uma doca coberta no rio, com escondida pela floresta no centro-oeste de belle isle, e mais adiante pela gentil costa do canadá.
este era o terceiro prefeito branco consecutivo numa grande cidade negra, este aqui nascido em grand rapids, michigan, criado em nova york e apoiado pelo governador. ele tinha entrado no gabinete com promessas econômicas em seus lábios, mas até agora só tinha fechado algumas escolas e acrescentado uma terceira incineradora na crescente indústria de processamento de lixo, na qual detroit era líder no norte da américa.
o prefeito precisava receber em casa algumas vezes por ano e era trabalho de sua esposa orquestrar a elegância usando a mansão como cenário. as pessoas vinham, exclamavam oh! ah! e então deixavam o lugar enorme e vazio para o casal. pelos padrões de luzes acesas que ela observava em seus passeios noturnos de barco, ela suspeitava que os dois passavam a maior parte de seu tempo fora olhar do público recolhidos cada um para o seu lado na casa.
ela trazia o barco para além do quintal e a doca coberta toda vez que ela saía para circular a ilha procurando pelo pôr-do-sol, conforme o verão avançava, os desaparecimentos a deixaram completamente aterrorizada, e ela circulava a ilha mantendo cada vez mais distância das margens da ilha, cada vez mais perto da cidade.
o que significava que naquela noite do coquetel de agosto na casa do prefeito, ela estava perto do quintal dele. perto o bastante para ver aquilo acontecer.
dúzias de pessoas cobriam o gramado com risadas falsas, posando para câmeras que eles assumiam estarem apontadas nas direções deles. integrantes da imprensa estavam lá, se distinguindo com câmeras, tablets e smartfones, com o ar de jornalistas cobrindo algo relevante. o prefeito queria estar garboso, uma rosa em sua lapela.
enquanto ela deslizava pelas águas, sem causar ondulações, as ondas começaram a crescer erraticamente. em poucos instantes, a água começou a se revirar com selvageria, dando pinote. elas transbordavam na frente de seu pequeno barco conforme ela tentava achar um ângulo para cortar através delas. olhando ao redor, ela não via uma fonte clara de perturbação, somente uma única linha de ondas saindo da ilha atrás dela, clara como a luz do luar sobre o céu da meia noite.
ela virou o barco dando a volta até ficar fora das ondas, maravilhada como a água podia estar calma a apenas seis metros à esquerda. ela olhou para trás e viu que aquelas ondas continuavam a crescer e fluir, batendo contra a parede que delimitava o quintal do prefeito.
os convidados, absortos do fenômeno, falavam alto contando histórias uns para os outros, riam alisando suas barrigas e faziam manobras heimlich ao som da música de elevador de um grupo de jazz.
mais uma vez ela sentiu o ímpeto de alertá-los, e mais uma vez ela não conseguia pensar no que dizer, mais alguém consegui a ver a linha clara de ondas se erguendo? talvez todo esse tempo sozinha no barco tenha desvirtuado a sua mente.
conforme ele a se virou para seguir com seu barco, sentindo o limite calmo da sanidade, a música de elevador parou e ela ouviu a batida em um microfone sendo testado. lá estava ele, esbelto, corado, altivo e sorridente. ele estava de pé numa pequena plataforma com as costas voltadas para o rio, seus convidados e suas taças de champanhe todos virados na direção dele. a imprensa se amontoava pouco entusiasmada, tentando criar alguma imagem interessante.
foi quando aconteceu.
primeiro foi um tremor, só um pouco maior do que o terremoto do verão de 2010 que fez fecharem tudo dos dois lados do rio. e então uma onda solitária imensa, com um brilho verde suave se armou de repente no rio, indo na direção das costas do prefeito.
as palavras estava saindo da sua boca, gritos incrédulos misturados com uma certa excitação: a ilha está indo! agora rio vai comer todos vocês seus sanguessugas!
quando ouviu o que estava dizendo ela deu um tapa na boca e cobriu a boca com a mão, envergonhada, mas ninguém sequer olhou na sua direção, e se tivesses não teriam visto nada além de uma mulher negra das águas, sozinha num barco.
a onda estava em cima do gramado antes que os convidados a percebessem, olhando para o alto com sorrisos sem graça congelado em seus rostos. o prefeito riu das caras deles antes de dar uma espiada rápida para trás e perceber que havia algo atrás dele.
enquanto ela assistia, a onda quebrou sobre a cerca, a doca coberta, o prefeito, os convidados e a imprensa, batendo contra a casa com toda a sua força. com um sobressalto, ofegando de espanto, ela viu que aquela onda não era mais larga que a casa.
nada além sequer estava molhado.
a onda retrocedeu tão rápido quando veio. convidados esparramados em várias posições possíveis, água do rio pingando de seus corpos inertes, alguns jogados através das janelas da casa, alguns poucos na pereira no fim do quintal.
freneticamente, como humanos fazem depois de um incidente, eles começaram a conferir a si mesmos e contar a história do que do que tinha acabado de acontecer. o pessoal da imprensa lamentou seu equipamento ensopado, convidados ajeitavam seus trajes esporte fino para ficarem em ordem mesmo molhados, e a equipe de segurança destruiu seus disfarces ao procurarem desesperadamente pelo prefeito.
ela sentiu as boias da lateral de seu barco gentilmente se batendo entre o casco e o rio e percebeu que estava boquiaberta e suas mão tinham largado o volante. a água agora estava totalmente calma em todas as direções.
ainda chocada, ela ligou o motor e voltou lentamente na direção da mansão.
o prefeito não estava em nenhum lugar onde pudesse ser encontrado. nem sua esposa. ela conseguia ver a pequenez dos convidados restantes. ao longo s de toda a cerca havia detritos da festa, parecidos com aqueles deixados pelos hipsters engolidos. sapatos de salto, pedaços de vestidos e paletós, na superfície da água próxima a mansão, telefones e câmeras boiavam.
no pódio, repousava a flor que o prefeito usava na lapela, parecendo que tinha acabado de desabrochar.
***
a cidade tentou conter a história, mas muitos dos jornalistas que tinham sido derrubados por aquela onda sentiram a estranha natureza todo-poderosa dela, viram o quintal pós-tsunami cheio das pessoas únicas pessoas que eram como eles, nascidos em detroit.
além disso, o prefeito desapareceu.
louca, impossível, a história foi a público, e o público enlouqueceu.
ela observava o porto da ilha se esvaziar, a ilha oficialmente fechada com bloqueios de concreto fechando a única ponte que a ligava à cidade. o prefeito recém empossado era um nativo envolvido com jardinagem local, uma das poucas pessoas que teve disposição para assumir o cargo. ele disse que isso era uma oportunidade, embalada numa crise, de tomar a cidade de volta.
ela sentia a população da cidade diminuir conforme investidores e pioneiros fizeram suas malas, procurando por um novo solo fértil.
e ela reparou e quem ficou, e eram as mesmas pessoas que sempre estiveram lá. um pouco inseguras em relação ao futuro, talvez, mas enraizadas profundamente demais para se mudarem para qualquer compressa. pela primeira vez em muito tempo, ela sabia o que dizer.
ela nunca mexeu com a gente, sabe. talvez, talvez seja um jeito estanhos de fazer isso, mas talvez seja uma coisa boa nós termos a nossa cidade de volta?
e as pessoas escutavam, balançando suas cabeças enquanto tentavam entender, enquanto suas bocas concordavam: não é como a gente resolveria, mas agora já está feito.
ela ainda saía no barco, observando as margens próximas da ilha, procurando dentro do rio, que era sua companhia mais constante, por alguma pista, alguma explicação, e de vez em quando, franzindo o rosto contra o reflexo do sol, ela veria através do azul, algo inchado, capturado, preso, mantido sob controle para que assim a cidade pudesse sobreviver. algo que nunca morreu.
uma coisa viva.
Tradução: Stephanie Borges.
O conto “the river” foi gentilmente cedido pela autora para reprodução e tradução na DR 5: Vibrações do Inaudível. Originalmente publicado em: Octavia’s Brood: Science Fiction Stories from Social Justice Movements.